quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

BETTAS PRETOS: os Anjos Negros do Mundo dos Betas

BETTAS PRETOS: os Anjos Negros do Mundo dos Betas

Às vezes os criadores de beta começam a se acomodar num falso sentido de segurança. Às vezes nós pensamos que já temos tudo compreendido. Em algumas ocasiões eu penso que realmente tenho a genética e as variações das cores solucionadas dentro de padrões compreensíveis e previsíveis. E, às vezes, estou errado! Uma destas épocas acontece quando eu começo a contemplar o que eu sei, ou o que não sei, sobre os betas pretos. Desde quando analisei os tipos de cores eu pensei em trabalhar nisto. Não que nada tivesse sido feito neste sentido. Há diversos artigos razoavelmente bons sobre betas pretos na literatura, mas, nenhum deles é realmente bom. Portanto, outra tentativa pode ainda derramar luz sobre um assunto tão escuro!(desculpe o trocadilho)

Como eu documentei em minha revisão antecipada os nomes (FAMA, abril, 1983), eles já eram conhecidos desde o início dos anos 30. Eu os estudei extensivamente nos anos 60 quando fazia meu doutorado usando estoques de diversas fontes. Eles não eram abundantes na época, mas estavam ao redor. Don Cook, de Decatur, Illinois, discutiu sobre eles em uma coluna da edição de Setembro/Outubro de 1966, do Aquarium Illustrated. Minha dissertação de doutorado discute a genética com considerável profundidade (1968). Eu publiquei um artigo sobre pretos férteis no TFH, em 1972. Um artigo muito questionável que sugere que os pretos tinham surgido devido à radiação (Aquarium International Volume 3,#4 – 1975) foi assinado pelo Dr. Schmidt-Focke, e afirma que isto foi feito após a Segunda Guerra Mundial. Mas, se os pretos já eram conhecidos no início dos anos 30, isto não poderia ser verdadeiro. Finalmente, o último artigo de maior significado que eu estou ciente é de autoria da Dra. Suzanne Liebetrau e foi publicado no TFH, em 1979. Naturalmente, outros artigos foram escritos para diversos boletins pertencentes aos clubes de aquriofilia, mas tais fontes são geralmente não confiáveis e apócrifas.

A meu conhecimento, ninguém além de mim fez extensivos estudos sobre a genética dos pretos e publicou os resultados. De fato, minha publicação reside somente na dissertação, mas essa informação é disponível e legítima. Qualquer um que desejar ver os resultados e análise pode obter cópias através dos sumários da dissertação em Ann Arbor, Michigan. Eu o menciono aqui somente porque esse esforço produziu (para melhor ou para pior!) a terminologia e os dados genéticos que constituem a base atual de nossa criação. Essas informações poderiam muito bem causar problemas atualmente. Na época em que esse trabalho foi feito nós não tínhamos nenhuma linhagem de betas mármores bem fixada, ou pretos férteis, ou outras linhagens que nos dão regularmente betas pretos.

Eu selecionei o nome “melano” para designar betas pretos porque eu estava procurando por um símbolo genético utilizável. Não podia utilizar “b” (de black) desde que já tinha sido utilizado para “blond Cambodia” pelo Dr. Myron Gordon. Eu já tinha me decidido usar “BL” (para o azul) como um símbolo mais apropriado para as variações de irridescência ou cores metálicas. Desde que a variação pareceu mostrar e aumentar o pigmento melanina, eu estava propenso a utilizar um termo que significasse, ou se referisse a preto, mas não começasse com B. Nomes como “Negro”, “Negrescente”, “melanístico” e “melano” pareciam mais científicos de algum modo do que algo como preto “Carvão” ou preto “Molinésia”. Nós já estávamos envolvidos em discussões apaixonadas sobre os albinos e o termo “melano” pareceu uma antítese perfeita ao albino. A lógica de tudo isso se articula, naturalmente, na suposição de que os betas pretos eram, e são, melanísticos. Não há nenhuma dúvida que os betas pretos parecem ter melanóforos pretos em toda parte que tenha coloração preta. Infelizmente, há fatores estranhos e confusos sobre os pretos que ainda têm de ser resolvidos:
- Um é que as barras, pontos, e outros padrões pretos que são vistos em betas de outras cores podem ainda ser vistos em pretos.
- Outro é que betas vermelhos parecem ter células de pigmento vermelho exatamente como os melanóforos nos pretos.
- Outro ponto ainda é que a extração dos pigmentos vermelhos e pretos com hidróxido de amônia revela quantidades consideráveis de pigmento pterina em ambos os betas vermelhos e pretos.
- E ainda: quando se examina os pretos de perto, estes parecem ser pretos onde os outros são vermelhos!
- A último é especialmente visível: a diluição do pigmento próximo das bordas das nadadeiras ou das pontas brancas que nós freqüentemente vemos nos padrões de butterfly.

Uma conclusão que pode ser pensada é que o preto e o vermelho são duas versões do mesmo pigmento. E isto é algo além de melanina. Se isso for verdadeiro, é possível que os pretos não sejam melanísticos de todo! Haveria uma “pterina vermelha” e uma “pterina preta”. Ou, inversamente, talvez nós teríamos uma “melanina preta” e uma “melanina vermelha!” Dias celestiais! Algumas de minhas pesquisas atuais tratam das tentativas de resolver estas questões. Eu tenho alguns trabalhos envolvendo machos pretos cruzados com fêmeas vermelhas. Nós evitávamos isto no passado já que nós supúnhamos que o vermelho daria um tom mais marrom aos pretos. Pode ser ou pode não ser. Eu poderia estar em um caminho para tornar esse pigmento comum, se fossem comum (pigmentos preto e vermelho), mais intenso. Eu consegui, exatamente como antecipei, nos cruzamentos da primeira geração, peixes avermelhados com bastante cor metálica sobre eles.(multicoloridos).
Entretanto, há uns pretos nas segundas gerações. Nenhum está desenvolvido o bastante ainda para dizer o quanto bom eles serão.

Beta mármore, especialmente os mármores pretos, tem sido visto desde os anos 20 (apesar das afirmações em contrário), mas não estavam bem conhecidos e disponíveis até que um esforço sério foi feito para organizar e desenvolver o hobby dos betas através dos circuitos de exposições (principalmente o Congresso Internacional do Beta - IBC). Eu vi o desenvolvimento dos betas mármores ao mesmo tempo em que vi o desenvolvimento dos betas pretos férteis (o conhecido black lace). Eu estou razoavelmente convencido que, tanto o beta mármore quanto o beta preto fértil, são todos de uma mesma linhagem fonte. Nós regularmente temos mármores que nunca se marmorizam (perda de pigmentos em borrões) e eu tive muitos que eram bem pretos coloridos. Ambos os sexos são férteis. Qualquer dos sexos pode ser selecionado para o desenvolvimento da cor sólida nas linhagens de mármore e consegui-la em poucas gerações. A distribuição da cor iridescente nos mármores é similar à que encontramos em pretos férteis.

Muitas destas questões são acadêmicas, literalmente. A maioria dos criadores podia se importar menos com algumas destas coisas. No entanto, se a levarmos em conta, elas nos darão as melhores diretivas para um progresso mais rápido. O problema persistente da cor metálica em nossas melhores linhagens de pretos levou-me a sugerir, alguns anos atrás, que o azul-aço seja uma linhagem de trabalho melhor que a verde ou a azul brilhante. Eu senti isto desde que percebi que a iridescência dela [a do azul-aço] é a mais apagada de todas e, portanto, deve ser a menos visível. A maioria dos melhores pretos de hoje carregam aquela variação de cor.

Eu também sugeri que cruzamentos com outras linhagens fossem feitos, não importando o custo, para começar a diminuir a cor metálica (como nós fazemos nos amarelos e nos vermelhos), contudo quando eu vejo fêmeas das linhagens pretas, elas sempre são cobertas fortemente com iridescência. Cruzamentos com vermelhos ou com amarelos devem ajudar (a diminuir a irridescência), mas todos ficam receosos com tais cruzamentos, temendo começar a avermelhar ou amarelar o preto. É verdade, poderia. Mas poderia também conseguir alguns pretos melhores no final. Ao contrário, houve uma melhoria marginal através dos anos. Um pode melhorar a cauda e aprofundar o preto, mas se um defeito é retido, o resultado é, ainda insatisfatório. O preto traduzido como “melano” é ainda nossa melhor compreensão e a mais viável linhagem. Geneticamente, é uma simples e única mutação genética, recessiva em relação ao normal. Cruzamentos com não melanos produzem somente prole normal (a menos que o não melano carregue o gene melano).

No diagrama a seguir, cruzamos um macho preto com uma fêmea de outra cor e produzimos todos os filhotes não pretos. Porém, todos terão um gene “m”, que poderão transmiti-lo às próximas gerações (F2).

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As desovas F2 rendem 25% de melanos aproximadamente. Isto é mostrado no diagrama de acasalamentos # 2. Assim, teremos 25% de pretos e 75% de peixes de outras cores. Desses 75%, apenas 25% não poderão fornecer pretos em seus cruzamentos já que não possuirão o gene “m” (é o grupo dos “xy”).

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Um efeito colateral incomum, conhecido dos geneticistas como “pleiotrópico”, é que as fêmeas deste tipo (mm) não podem produzir a prole viável. Podem ser fortes, saudáveis e pretas como machos, mas seus ovos ou filhotes nunca sobrevivem. Fêmeas híbridas (aquelas que carregam um gene melano) nunca se parecem com pretas, mas podem produzem preto, de ambos os sexos. Os machos melano são perfeitamente normais em termos de reprodução. Pretos férteis parecem também ser o resultado de um simples gene recessivo. A linhagem é indescritível. Eu não sei de ninguém que trabalha com eles até o presente momento. Como eu disse antes, acredito que eles venham de (ou deram ascensão aos) mármores. Nós podemos também chamar o gene “f” – de fértil- (desde que ele não tenha sido oficialmente nomeado antes).

O diagrama de acasalamento #3 mostra o perfil de herança idêntico a do melano. Toda a ninhada será de outra cor diferente de preto. Porém, todos possuirão o gene “f”, que poderá ser transmitido às demais gerações.

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Mais interessante é o que acontece quando você cruza melanos com pretos férteis. Pareceria que tais acasalamentos dariam todos os indivíduos pretos mas não é o que acontece! O diagrama de acasalamento #4 mostra que os dois genes responsáveis (“f” e “m”) não são alelos um do outro e estão em diferentes posições. Quando eles não se emparelham, suas contrapartes na outra linhagem são normais e dominantes sobre as versões mutantes (“m” ou “f”). Assim, o gene normal do preto fértil impede que o melano se manifeste e o gene normal do melano impede que o preto fértil se manifeste. A prole é toda normal (bem distante da pigmentação preta). Tais cruzamentos representam um fenômeno genético chamado “reversão ao tipo selvagem” (ou normal, na expressão desse pigmento). Isto acontece em muitas circunstâncias e não é nenhuma causa para alarme. O preto não está perdido. Os cruzamentos entre os indivíduos normais da prole F1 produzirão ambos os tipos de pretos no F2 (preto fértil e melano) e, teoricamente, alguns terão ambos os genes (mfmf). Estes poderão ser super pretos (melanos férteis) se qualquer um quisesse trabalhar com eles. Observe no diagrama #4 que um quarto deles será melano (contando com o mfmf) e um quarto daqueles poderiam também ser preto fértil (contando com o mfmf). Somente um dezesseis avos da ninhada são necessários para garantir que há uma possibilidade razoável de se encontrar algum super preto (mfmf). Se você pensar que os têm, não espere ter fêmea fértil. Eu penso que a causa da infertilidade nos melanos não desaparecerá porque o preto fértil está no mesmo indivíduo junto com o melano (os mfmf). Eu poderia estar errado, mas quando um gene causa uma falha como aquela (infertilidade nas fêmeas) não há nada que o outro gene possa neutralizar.

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Naturalmente nós todos queremos um beta preto carvão ou um preto como um molinésia. Afinal de contas, nós os classificamos como uma cor sólida em nossos padrões de exposição. O que necessitamos para consegui-lo? Nós podemos identificar as combinações de traços de cores. São elas:
- aumento na profundidade do preto;
- distribuição e densidade do preto e
- a eliminação de qualquer sujeira como vermelho, amarelo, verde ou azul.

Se estivermos tentando criar pretos, eu faria alguns cruzamentos abertos com vermelhos ou amarelos e então, faria alguns cruzamentos e seleção. Se pudesse reduzir a cor iridescente e manter ambos melano e preto fértil dentro do estoque ao mesmo tempo, então teria feito tudo que poderia fazer para viabilizar os genes juntos. Neste ponto começamos criando e selecionando os melhores betas de cada geração para reprodutores. Uma palavra ou duas a respeito dos “maus” betas pretos – e a maioria é mais má do que boa. Eu penso que não observamos nossos pedigrees e nossos resultados dos cruzamentos. Existe alguma variação em como os pretos de uma ninhada serão, assumindo que todos são geneticamente semelhantes. Alguns serão bem mais escuros e outros mais claros. Os mais claros podem ser aquela cor de argila, ou cinza ou marrons. Cruzando com vermelhos, por exemplo, será introduzido o amarelo na linhagem. O que reduz o preto significativamente. Um preto amarelado não soa tão promissor! Cambodia, que também afeta o preto, poderia ser introduzido pelo cruzamento com amarelos. Não há problema, mas estas variações ocorrerão e deverão ser excluídas dos estoques ao longo do tempo. Bem, eu espero que o que explanei não tenha trazido mais confusão. Eu estaria mais satisfeito se encontrasse alguém que seguisse o que foi dito e terminasse com o mais cobiçado beta preto. Será você esta pessoa a consegui-lo?

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